SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO
Testículos: são
as gônadas masculinas. Cada testículo é composto por um emaranhado de tubos, os
ductos seminíferos Esses ductos ocorre à formação dos espermatozoides. Em meio
aos ductos seminíferos, as células produzem os hormônios sexuais
masculinos, sobretudo a testosterona, responsáveis pelo desenvolvimento dos
órgãos genitais masculinos e dos caracteres sexuais secundários.
Epidídimos: são
dois tubos enovelados que partem dos testículos, onde os espermatozoides são
armazenados.
Canais deferentes: são dois tubos que
partem dos testículos, circundam a bexiga urinária e unem-se ao ducto
ejaculatório, onde desembocam as vesículas seminais.
Vesículas seminais:
responsáveis pela produção de um líquido, que será liberado no ducto
ejaculatório que, juntamente com o líquido prostático e espermatozoides,
entrarão na composição do sêmen. O líquido das vesículas seminais age como
fonte de energia para os espermatozoides.
Próstata:
glândula localizada abaixo da bexiga urinária. Secretas substâncias que
neutralizam a acidez da urina e ativa os espermatozoides.
Glândulas
Bulbouretrais ou de Cowper: sua secreção transparente é lançada dentro da
uretra para limpá-la e preparar a passagem dos espermatozoides. Também tem
função na lubrificação do pênis durante o ato sexual.
Pênis: é considerado o
principal órgão do aparelho sexual masculino, sendo formado por dois tipos de
tecidos cilíndricos: dois corpos cavernosos e um corpo esponjoso (envolve e
protege a uretra). Na extremidade do pênis encontra-se a glande (cabeça do pênis) onde
podemos visualizar a abertura da uretra. Com a manipulação da pele que a
envolve o prepúcio
acompanhado de estímulo erótico, ocorre a inundação dos corpos cavernosos e
esponjoso, com sangue, tornando-se rijo, com considerável aumento do tamanho
(ereção).
Uretra: é comumente um
canal destinado para a urina, mas os músculos na entrada da bexiga se contraem
durante a ereção para que nenhuma urina entre no sêmen e nenhum sêmen entre na
bexiga. Todos os espermatozoides não ejaculados são reabsorvidos pelo corpo
dentro de algum tempo.
Saco Escrotal ou Bolsa
Escrotal ou Escroto: um espermatozoide leva cerca de 70
dias para ser produzido. Eles não podem se desenvolver adequadamente na
temperatura normal do corpo (36,5°C). Assim, os testículos se localizam na
parte externa do corpo, dentro da bolsa escrotal, que tem a função
de termo regulação (aproximam ou afastam os testículos do corpo), mantendo-os a
uma temperatura geralmente em torno de 1 a 3 °C abaixo da corporal.
A ESTRATÉGIA DOS
ESPERMATOZOIDES
Drauzio
Varella
Os
espermatozoides são muito desiguais. Na escola, aprendemos que, numa ejaculação
humana, são expulsos de 200 milhões a 500 milhões deles e que todos nadam
alucinados atrás do óvulo: ao vencedor, a glória da fecundação.
Parece
que não é tão simples: os espermatozoides trabalham em conjunto, cada qual com
uma função definida, como se fossem um exército de guerreiros disciplinados. No
curso da evolução, foram obrigados a adotar essa estratégia para vencer as
barreiras impostas pela anatomia sexual feminina.
A
vagina humana é um lugar inóspito para eles. Sua superfície é forrada por
colônias de lactobacilos que secretam ácido para defendê-la dos germes que
penetram. O líquido que a lubrifica é rico em enzimas, anticorpos e glóbulos
brancos dispostos a destruir invasores: bactérias, vírus, fungos ou células de
outra pessoa; espermatozoides, inclusive.
Os
poucos espermatozoides que conseguem sobreviver nesse ambiente ácido ainda
precisarão vencer muitas barreiras para chegar ao óvulo. A pior, talvez, esteja
na entrada do útero.
Na
parte inferior, o útero se estreita num canal mais fino, chamado colo ou
cérvix. O colo se abre na vagina por um pequeno orifício revestido por
glândulas, que produzem um muco espesso para vedá-lo e impedir a entrada de
germes.
Esse
muco é empurrado para dentro do útero pelos movimentos delicados de um tapete
de microcílios que revestem as paredes do colo. Nesse movimento ciliar, filetes
do muco espesso são levados para cima, formando colunas muito próximas umas das
outras. Como consequência, para penetrar, o espermatozoide é obrigado a
espremer-se nos microcanais deixados entre as hastes de muco. Um espermatozoide
mede três micra, e os canais, de três a cinco, na fase de permeabilidade máxima
(ovulatória).
O
trajeto pelos canais é não só labiríntico como cheio de perigos: ao invadir o
muco, os espermatozoides são atacados por legiões de glóbulos brancos hostis,
três vezes mais numerosos do que eles.
Na
ânsia de escapar dos atacantes e abrir caminho entre os canais, os
espermatozoides fazem desabar algumas das hastes de muco, ocluindo passagens e
dificultando a penetração dos que vêm atrás na corrida. Estruturalmente, os
espermatozoides são verdadeiros mísseis carregados de genes. São formados por
uma cabeça, que traz o pacote de genes do pai, e uma cauda para nadar.
No
microscópio, parecem todos iguais, mas, se olharmos com atenção, veremos que
têm formatos diversos: alguns possuem cabeça pequena e cauda comprida; outros
têm cabeça oval, dupla, em forma flecha, de alfinete, de remo e de charuto e a
cauda reta, enrolada, dupla, curta, longa, etc., numa combinação infinita de
formas.
Em
1988, dois autores americanos, R. Baker e M. Bellis, elaboraram a “hipótese
camicase”. Segundo ela, o esperma carrega milhões de espermatozoides prontos a
declarar guerra contra os estranhos que encontrarem pelo caminho. Essa vocação
bélica do esperma é encontrada em todos os machos do reino animal, sem exceção.
De acordo com a hipótese, existiriam três grandes
grupos de espermatozoides em cada ejaculação:
1) pelotão de elite: seleto grupo de nadadores
imbatíveis na velocidade. Armazenam a energia necessária para o percurso em
corpúsculos situados na cabeça comprida e têm cauda longa e ágil. São poucos: cerca
de 1% dos milhões ejaculados;
2) bloqueadores: têm cabeça grande e cauda pequena.
Nadam devagar; não são páreo para o pelotão que dispara na frente. Nem vão
atrás do óvulo; são “camicases”: ao penetrar os canais do muco uterino,
agarram-se às paredes para obstruir a passagem dos que vêm atrás, sejam eles do
mesmo macho ou de outro qualquer. A função bloqueadora ocupa cerca de 50% dos
espermatozoides;
3) matadores: carregam enzimas tóxicas na cabeça e
possuem antenas capazes de detectar e reconhecer espermatozoides estranhos.
Quando os encontram, despejam neles suas enzimas mortais. Como os adversários
reagem com as mesmas armas, espermas de indivíduos diferentes se envolvem numa
luta de vida ou morte. Bons “matadores camicases” foram tão necessários para a
sobrevivência das espécies que constituem praticamente a outra metade da
população do esperma.
Para
complicar, matadores, bloqueadores e nadadores não são todos iguais. Quanto
mais árduo o percurso a ser percorrido no trato genital feminino, mais eles se
especializam em determinada função a ser exercida num ponto específico do
trajeto que conduz ao óvulo.
Disfarçada ou não, a estratégia reprodutiva mais empregada pelas fêmeas
no decorrer da evolução das espécies tem sido a de promover a competição entre
espermas de indivíduos diferentes. Que vença o mais apto é o que deseja o corpo
feminino. Nós, como todos os animais, somos descendentes de antepassados
portadores de espermatozoides guerreiros que venceram incontáveis batalhas. Os
perdedores desapareceram da face da Terra, no melhor estilo de competição e
seleção natural.
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